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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Hospital vai afastar médicos que batiam ponto e não cumpriam horário Imagens mostram profissionais não ficavam em hospital de Botucatu, SP. Ministério Público também investigará irregularidade.

A Superintendência do Hospital das Clínicas de Botucatu, no interior de São Paulo, decidiu que vai afastar os médicos suspeitos de bater ponto e não cumprir a carga horária prevista em contrato. Eles foram flagrados por uma equipe de reportagem da TV Tem, afiliada da Rede Globo, deixando o local de trabalho para ir à academia ou à feira. Uma sindicância já foi aberta pela instituição para apurar as denúncias. O Ministério Público Estadual também informou que vai investigar o caso.

O ortopedista Reinaldo Volpi trabalha no Hospital das Clínicas de Botucatu e recebe do estado entre R$ 7 mil e R$ 9 mil por mês para cumprir uma jornada diária de oito horas. Mas o médico não respeita a carga horária e realiza outras atividades durante o período em que deveria atendendo pacientes. Durante um mês, com o auxílio de uma câmera escondida, a equipe de reportagem acompanhou a rotina do ortopedista. Ele chega ao hospital por volta das 7h e bate o ponto no relógio digital. O médico deixa o hospital e segue para uma academia de ginástica. Depois, às 8h05, ele deixa a academia e vai para casa.

Volpi não cumpre a jornada porque tem outro emprego. Ele também é contratado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para atender em um ambulatório. Lá, o ortopedista deveria dar atendimento durante quatro horas diárias, de segunda a sexta-feira, mas ele também não respeita os horários. Às 15h, ele vai para o Hospital das Clínicas. A pressa tem justificativa: o ortopedista precisa fechar o ponto que abriu às 7h.

Outros casos

O otorrinolaringologista Emanuel Castilho teria de dar plantão de oito horas diárias no Hospital das Clínicas de Botucatu, mas também não cumpre a carga horária. No dia 4 de agosto, por exemplo, ele bateu o ponto às 5h46. Em seguida, foi para casa, onde atende em sua clínica particular.

Às 9h45, horário em que ele deveria estar no Hospital das Clinicas, Castilho sai de carro e faz uma rápida visita na Santa Casa de Botucatu. Aproveita também para comprar frutas, legumes e verduras em uma feira livre. Somente às 14h55 ele volta para o Hospital das Clínicas e fecha o ponto que abriu às 5h45.

Enquanto os médicos não cumprem o horário que recebem para trabalhar, os ambulatórios do Hospital das Clínicas estão cheios de pacientes.

O Hospital das Clínicas da faculdade de medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu passou oficialmente para o estado em janeiro deste ano. A unidade conta com 210 médicos, a maioria docente. Ao todo, 70 são contratados pela Unesp e 140 por uma fundação médica da cidade. Para a superintendência do Hospital das Clínicas, os casos de médicos que não cumprem o horário são isolados.

“Tem duas certezas: não é uma prática corrente no hospital e não é uma prática tolerável no hospital”, afirma Emílio Curcelli, superintendente do Hospital das Clínicas de Botucatu.
Mas nem mesmo a mulher do superintendente cumpre no hospital a jornada de trabalho. A médica Lara de Toledo Curcelli trabalha na Central de Vagas que funciona dentro do HC. A carga horária dela é de quatro horas diárias - das 18h até as 22h. No horário do expediente, a médica não foi localizada no HC. Lara justificou sua ausência afirmando que tem autorização da chefia para trabalhar em casa.

SindicânciaA Secretaria de Estado da Saúde informou que foi aberta uma sindicância para apurar a atuação da médica Lara de Toledo Curceli. O Ministério da Saúde afirma que os médicos Reinaldo Volpi e Emanuel Castilho são servidores públicos federais concursados e que estão cedidos à Secretaria de Saúde. O ministério confirmou que a carga horária dos dois é de quatro horas diárias, mas diz que essa supervisão cabe ao estado. Os médicos Reinaldo Volpi e Emanuel Castilho foram procurados pela reportagem e não quiseram gravar entrevista.
 

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