O casal de aposentados Clea Lemos Miguez Counago, de 60 anos, e Luiz Miguez Counago, 65, já tinham passado quase um mês na Austrália e estavam preparados para a longa viagem de volta ao Rio de Janeiro, com mais de 25 horas de duração contando as paradas. O voo de saída de Sidney estava marcado para terça-feira (14), mas nunca decolou.
Os brasileiros foram duas distantes vítimas dos transtornos causados pela nuvem de cinzas expelida pelo vulcão Puyehue, no Chile, que cruzou milhares de quilômetros e causou cancelamentos de voos na Oceania. E segundo a companhia aérea pela qual eles voaram, a chilena Lan Chile, que se fundiu com a Tam no ano passado, o retorno do casal poderia demorar até dois meses.
O G1 conversou com o genro deles, o engenheiro e empresário Marcelo Mollicone, de 36 anos. Ele explica que o retorno dos sogros já foi remarcado três vezes
"No aeroporto, que é o único lugar onde se consegue falar com a empresa, eles informaram ao meu sogro que a companhia continua sem previsão. Falaram, inclusive, que pode demorar dois meses até a normalização. A partir do momento em que os voos estejam normais, eles disseram que os passageiros devem embarcar em até 48 horas", afirma ele.
De Salvador, na Bahia, ele tem tentado entrar em contato com a empresa aérea para saber se há alguma notícia sobre os voos, mas não tem conseguido.
"O telefone de atendimento é um número diferente do que está impresso no bilhete, e a ligação sempre acaba caindo depois de algum tempo no atendimento eletrônico. Tenho um cunhado na Austrália que também está tentando, mas de lá é a mesma coisa", conta Marcelo. O G1também não conseguiu entrar em contato com a empresa aérea.
A solução encontrada foi comprar, na manhã desta quinta (16), passagens pela Tam com destino aos Estados Unidos, trecho cujos voos não foram prejudicados pela nuvem vulcânica na Austrália. O voo está marcado para este domingo (19). Em seguida, o casal vai pegar outro voo para o Brasil.
Segundo o engenheiro, há pelo menos quatro rotas que podem ser feitas da Austrália para o Brasil e continuam operantes, e a empresa aérea deveria negociar com outras empresas da Star Aliance, grupo internacional de aéreas da qual a Lan faz parte, para permitir a saída de estrangeiros do país através dessas rotas. "Com idosos, esta estada forçada é mais grave pois pode afetar a saúde física e mental dos passageiros", afirma.
"A Lan ofereceu reembolso do valor da passagem, mas ainda não pedimos. Planejamos que eles primeiro cheguem ao Brasil e descansem, porque estão muito nervosos. Depois vamos ver o que vamos fazer. Preferimos a solução pacífica", disse, ainda incerto se a família recorrerá à Justiça.
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