
Com luvas e proteção para a cabeça e a boca, “Princess” Jasmine Parr, como é chamada, enfrentou Georgina “Punchout” Barton, de 7 anos, na noite de sábado 18 de junho, diante de uma plateia de 500 pessoas. Algumas bebiam enquanto apreciavam a luta e, no final do embate, a vencedora levou um prêmio de US$ 100. As meninas eram apenas uma das lutas da noite: adultos profissionais usaram o mesmo ringue.
As imagens da luta (clique nas fotos para assistir ao vídeo) tornaram-se públicas e causaram revolta em pais de toda a Austrália. Há relatos de que Jasmine chorou durante a luta, com medo da oponente. A menina teria dito que só voltaria ao ringue mais velha: aos 10 anos! Em uma entrevista para a TV, contudo, a menina disse que achou OK, embora algumas pessoas tenham achado “um pouco assustador”.
Depois da luta, Phil Reeves, ministro australiano da segurança infantil e do esporte, disse que pode regular a prática de esportes de combate para participantes abaixo da idade. Reeves se disse chocado com as imagens das duas garotas no ringue.
Um comentarista do Sidney Morning Herald defendeu a decisão do pai de Jasmine de permitir a luta. John Birmingham afirma que a polêmica revela a hipocrisia da sociedade. Para ele, a luta só causou tanto furor porque era entre meninas. Se fossem dois meninos a trocar socos, ninguém teria dito nada.

Birmingham conta que viu um menino levar um chute na cabeça durante uma partida de rugbi e precisou de 10 minutos de atendimento médico. Mas que isso não virou debate nacional nem assunto de ministério porque estamos acostumados com os riscos dos esportes de contato – e até celebramos os garotos durões que se levantam e continuam a jogar até se tornar profissionais.
Mas era uma luta – kickboxing – entre meninas novinhas. E isso choca as pessoas.
Não que não haja riscos, há. O principal é o perigo para o cérebro das garotas. Os choques repetidos na cabeça podem levar ao desenvolvimento de problemas neurológicos. Acredita-se que o Parkinson desenvolvido pelo grande Muhammad Ali tenha relação com os socos que o boxeador levou durante a carreira.
Mas nem só o boxe representa um risco para os atletas. Há pesquisas que relacionam a prática de futebol e futebol americano com problemas no cérebro. No futebol americano, os choques são diretos e intencionais. No nosso futebol, a maioria acontece por acidente, quando dois atletas disputam para cabecear a mesma bola no ar, mas há indícios de que cabecear à exaustão bolas pesadas e rápidas também pode gerar problemas.
Talvez essas meninas estejam correndo o mesmo risco que as crianças que jogam futebol ou futebol americano. Nem mais, nem menos.
As pessoas têm razão de criticar o pai por ter colocado a filha no ringue ou ele está certo? O que você acha: é preconceito ou precaução?
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