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sábado, 16 de julho de 2011

Praça em que 'paquera' foi proibida tinha até sexo explícito, diz juiz de MS Portaria de juiz de Itaporã proibiu evento conhecido com 'paquera' na praça. Autoridades concordam, mas jovens, comerciantes e moradores questionam.


 'Sexo explicito nos bancos' foi um dos motivos que o juiz Adriano da Rosa Bastos usou para justificar a portaria baixada nesta semana para proibir a 'paquera', um evento que é promovido há mais de 25 anos, na praça central da cidade de Itaporã, município a 225 quilômetros de Campo Grande.
Imagens feitas por um cinegrafista amador mostram como era a 'paquera' na praça de Itaporã. Nas cenas jovens dançam ao som de diversos ritmos. Os vídeos também revelam o uso de bebida alcoólica.
Segundo Antonio Rebeque, o organizador do evento, as festas na praça existem há mais de vinte cinco anos e já viraram tradição na cidadezinha. “Paquera é um evento que reúne famílias, jovens e crianças. Faz o entretenimento em uma cidade pequena como é Itaporã. Começamos com um grupo de amigos há muitos anos e hoje é um evento que tem divulgação em nível estadual”, explicou.
Mas não é o que pensam os responsáveis pela segurança pública do município, como, por exemplo, o juiz. “Acontecem incidentes como brigas, lesões corporais, tentativas de homicídio e homicídios. Inclusive houve um homicídio no último fim de semana, além de sexo explícito nos bancos da praça, uso de bebidas alcoólicas por menores e uso de drogas também”, disse o magistrado sobre o evento.
Praça em que 'paquera' foi proibida tinha até sexo explícito, diz juiz de MS (Foto: Reprodução/TV Morena)Vídeo registrou como era a 'paquera' em praça de
Itaporã (Foto: Reprodução/TV Morena)
O tenente da Polícia Militar Júlio Marcos Echeverria confirmou as informações do juiz. “Tem consumo de bebidas alcoólicas e presença de menores. Por mais tenhamos agido não tem sido suficiente para coibir essas práticas ilícitas”, diz.
A conselheira tutelar Viviane Castro da Silva destaca ainda os casos de violência registrados no local durante o evento. “As vezes pessoas são esfaqueadas e recentemente houve uma morte. O evento já chegou a ser proibido uma outra vez e foi em razão da morte de um adolescente de 16 anos”, relatou.
Diante de tantas reclamações o juiz resolveu acabar com a 'paquera' e determinou que quem desobedecer pode ir parar na polícia.
“Nos domingos nós vamos dar mais atenção na praça. Realizando rondas durante todo dia e à noite. Se verificarmos que está ocorrendo aglomeração ou tumulto com som alto, brigas e consumo de bebida alcoólica, nós vamos encaminhar as pessoas que estiverem agindo assim para a delegacia”, advertiu o tenente da PM.
Falta de opções de lazer
A cidade de Itaporã é pequena, não tem cinema, teatro e nem boate. Quem vive no município diz que a única diversão eram os eventos aos fins de semana na praça central. “Vamos lá para paquerar. Já paquerei muito lá, não somente a noite como durante o dia também”, revela a estudante Mariana dos Santos Rodrigues, de 13 anos.
Outra jovem, Taisa Leão Pedrine, de 16 anos, diz que o evento era um modo dos jovens se divertirem sem gastar muito. “Nós íamos para nos divertir, encontrar os amigos. Era um modo de nos descontrairmos e sem precisar gastar nada”, lamenta.
Foi em um desses domingos de 'paquera', há 20 anos, que Jucilene Ferreira Leão Pedrine, de 39 anos, e Emerson Pedrine, de 38 anos, se conheceram. A paquera virou namoro que acabou em casamento. Hoje eles têm três filhos e discordam da decisão do magistrado.
“Acho horrível, o que vai ter para os jovens no domingo, nada”, questiona Jucilene.
Quem também não gostou nada do fim da 'paquera' foram os comerciantes do local. “Nos trabalhamos aqui. Dependemos disso para nossa sobrevivência”, indagou o comerciante João Xavier.
Já os jovens estão indignados com a proibição. Os meninos dizem que agora vai ser difícil conseguir uma namorada.
Já o juiz, que é casado, garante que não quer 'empatar' a vida de ninguém. “As pessoas não estão proibidas de namorar. De paquerar na praça, nada disso, porque essa proibição seria muito arbitraria da minha parte”, concluiu.
 

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